Construção civil enfrenta alta nos preços e falta de matéria-prima
Alta no dólar, redução da produção e aumento inesperado no consumo: Uma receita que gerou dificuldades para todos os setores na retomada das atividades pós-pandemia. Pesquisa divulgada na semana passada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostra que 68% das empresas pesquisadas está com dificuldades para comprar materiais, pela falta de estoque nas indústrias. Além disso, 80% delas notaram aumento nos preços, causado especialmente pela alta do dólar, que afeta a compra de matéria-prima importada, e pela escassez dos produtos no mercado.
Na construção civil, não tem sido diferente. De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria da Construção e Artefatos de Concreto Armado do Oeste, Luiz Alberto Paludo, aconteceu durante a pandemia um aumento inesperado das reformas domésticas e procura por imóveis. “Estando em casa, as pessoas acabaram economizando em viagens, em saídas para jantar e aproveitaram para trocar peças em casa, aumentar espaços, fazer reformas em geral. Isso aconteceu ao passo em que as indústrias achavam que venderiam menos e por isso desligaram motores, pararam a produção, programaram férias”, comenta. Com isso, a falta de insumos dificulta a ampliação da produção pelas indústrias, gerando um ciclo de atrasos e aumento nos valores.
As construtoras estão entre as empresas mais afetadas e correm contra o tempo para encontrar soluções que permitam cumprir os prazos. Na Construtora Ápia, de Chapecó, a principal dificuldade é a falta de previsão nas entregas. “Estamos com grande falta de materiais de todo tipo na região, da matéria-prima do bruto até o acabamento final da obra e as programações estão furadas, não se pode contar com nenhuma certeza de entrega neste momento”, destaca o sócio fundador da empresa, Andrey Fabre.
Porém, com os esforços da empresa, por enquanto, o atraso não vai chegar ao cliente. “Neste momento nosso cronograma segue o mesmo, fizemos alguns estudos de execuções e alterações na forma de trabalho para que possamos cumprir o programado com nosso cliente. Temos feitos compras enormes, que nos geraram grande desembolsos, para garantir o recebimento de materiais, além de compras em grande escala e estocagem de materiais; antecipações de compras em fornecedores, muitas vezes até para utilização daqui oito meses, por exemplo”, afirma.
Previsão de estabilização é para o ano que vem
Ainda segundo a pesquisa da CNI, 55% das empresas preveem que conseguirão voltar a atender as demandas normalmente somente em 2021. Fabre também acredita que ainda serão necessários alguns meses até a normalização da situação. “Temos como expectativa que os valores aumentem até março de 2021 e a partir daí comecem a estabilizar. Tendo em vista que é um ano atípico e entendemos que neste final de ano as empresas devem trabalhar a todo vapor para suprir a falta de material no mercado e começar 2021 tentando suprir esse déficit”, prevê.
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Fonte : Confederação Nacional da Indústria | FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA
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