Inovações fortalecem cooperativismo de SC na pandemia
No sábado, 4 de julho, comemora-se o Dia de Cooperar (DIA C). O principal objetivo do Dia C é incentivar a realização de iniciativas contínuas que beneficiam a comunidade durante todo o ano, alinhadas aos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU). As ações contribuem para o alcance das 169 metas traçadas pelos ODSs para, dessa maneira, tornar o mundo um lugar mais justo e menos desigual, até 2030. A celebração do Dia C (totalmente virtual, neste ano) ocorre em todo o País no primeiro sábado de julho, mesma data em que se comemora o Dia Internacional do Cooperativismo.
AÇÕES NA PANDEMIA
A pandemia causada pelo novo coronavírus está provocando mudanças e transformações na forma de organização do trabalho, nas estruturas de produção econômica e no próprio tecido social em todos os países. Inevitável, portanto, que atinja as cooperativas brasileiras, essas sociedades humanas relativamente complexas que contribuem para dinamizar a economia e elevar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das comunidades.
Ao fazer essa avaliação, o presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC) Luiz Vicente Suzin realça que todos os ramos do cooperativismo estão inovando não apenas para sobreviver à crise da pandemia, mas para continuar oferecendo soluções e serviços de qualidade aos 2,7 milhões de catarinenses associados às 254 cooperativas.
Enfatiza que todos os setores do cooperativismo reagiram aos desafios impostos pela pandemia, especialmente as cooperativas dos ramos agropecuário, crédito, consumo, infraestrutura, saúde e transporte, que detêm o maior número de associados.
O dirigente exemplifica que as 47 cooperativas agropecuárias difundem orientações para a prevenção ao novo coronavírus nas propriedades de empresários rurais cooperados. Medidas de proteção aos produtores e trabalhadores rurais são ensinadas para garantir segurança no ambiente de trabalho, considerando as características da atividade agrícola, pecuária e extrativa.
De modo geral, as cooperativas detalham as formas de prevenção ao coronavírus, os sintomas da covid-19 e as medidas que devem ser adotadas durante a pandemia, entre elas, evitar o uso compartilhado de ferramentas e equipamentos e impedir o acesso aos estabelecimentos agrícolas de pessoas que não sejam aquelas que ali trabalham e os técnicos do serviço de assistência técnica e extensão rural das cooperativas ou das agroindústrias. Nessa linha, os gestores rurais recebem todas as orientações para conduzir com tranquilidade suas propriedades rurais.
Suzin defende que “todo o apoio que o setor primário necessitar deve ser prestado, pois sabemos que a agropecuária será uma das primeiras atividades que retornará com força total depois da pandemia”. Observa que a origem, qualidade e sanidade dos alimentos será uma grande preocupação do mundo inteiro após a pandemia do novo coronavírus. E, nesse aspecto, a produção brasileira tem reconhecimento internacional, segue protocolos rígidos e obedece uma legislação sanitária moderna.
Entre as medidas de apoio estão o acesso dos produtores ao crédito e antecipação de benefícios e garantias, como forma de assegurar renda para pequenos, médios e agricultores familiares. A OCESC reivindicou e o Governo atendeu: foram priorizados os setores mais impactados. “Isso se justifica porque a agricultura será a alavanca propulsora da retomada do crescimento econômico, não tenho dúvidas”.
O presidente da OCESC observa que o cooperativismo brasileiro tem demonstrado resiliência e criatividade para sobreviver em tempos de crise. O desafiador cenário imposto pela pandemia estimulou o surgimento de projetos para manter o funcionamento das cooperativas. Uma das saídas para a atual crise gerada pela pandemia é buscar formas de se reinventar no mercado.
Entre as inovações que surgiram estão plataformas para conectar com os negócios locais, comprando produtos e serviços de comunidades próximas, ajudando na continuidade dos negócios locais e assim, na manutenção dos empregos gerados por esses empreendimentos, impactando de forma rápida e direta na sua realidade. As cooperativas atuam para aproximar os cooperados e a comunidade, oportunizando produtos e serviços para agentes econômicos e consumidores finais.
AÇÕES SOLIDÁRIAS
Suzin aponta o caráter solidário das cooperativas por meio de centenas de ações sociais, assistenciais e doações. Entre elas, a iniciativa da Cooperativa Central Aurora Alimentos, com sede em Chapecó, de beneficiar 100 mil famílias de 560 comunidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre com a doação de alimentos. A Aurora entregou 100 mil aves congeladas (frango inteiro) – o que representa 310 toneladas de carne – e as distribuiu em colaboração com a CUFA – Central Única das Favelas, nas três capitais.
Levantamento concluído pela OCESC revela que a maior parte das cooperativas catarinenses desenvolveu ações para atendimento aos associados e também às comunidades regionais envolventes. Entre essas ações, o afastamento remunerado dos colaboradores em área de risco, a oferta de equipamentos de proteção individual (EPIs) e a reestruturação dos ambientes de trabalho foram as mais frequentes. As ações implementadas estão descritas nos sites de cada cooperativa.
Outras iniciativas foram as doações financeiras, doações de alimentos e materiais, criação e divulgação de campanhas de prevenção e orientação ao novo coronavírus, utilização de tecnologias de ponta para controle sanitário e de qualidade em produtos e serviços.
As cooperativas de crédito criaram linhas de crédito emergencial para cooperados, pessoas física e jurídica com necessidade de formação de capital de giro, repactuaram as operações de crédito com mais prazos e carências e, ainda, inovaram no seguro de vida: ampliaram a cobertura para o risco de morte causada pela covid-19. Promoveram cursos de educação financeira, isentaram tarifas, juros e multas, além de lançar plataformas e movimentos em favor do fortalecimento dos negócios locais.
No ramo de transporte, as cooperativas fizeram campanha de orientação ao enfrentamento da covid-19 e implementaram medidas de proteção aos colaboradores e associados.
As cooperativas da saúde estruturaram ambulatório covid-19 para diagnóstico e tratamento de casos leves e moderados, UTIs especializadas, serviço móvel de urgência e emergência (SOS) e central médica de teleassistência. Reorganizaram os atendimentos, criaram canais de atendimento específicos, cancelaram eventos e anteciparam a vacinação da gripe. Desenvolveram planos de ação emergencial para atendimentos remotos e domiciliares.
As cooperativas de eletrificação rural (ramo de infraestrutura) desenvolveram ampla campanha entre as famílias associadas, expandindo o nível de conscientização sobre a doença e as formas de prevenção.
As cooperativas de consumo adequaram as lojas e os supermercados para a proteção dos associados/consumidores e dos funcionários, atendendo todas as exigências da Vigilância Sanitária e recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).