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Pessoas passam a madrugada debaixo de chuva no RJ em busca dos R$ 600

Debaixo de chuva, contribuintes passaram mais uma madrugada na porta das agências da Caixa Econômica Federal do Rio de Janeiro nesta quinta-feira (7) em busca do auxílio emergencial de R$ 600.

Florista e desempregado, Rafael Magalhães da Silva, de 34 anos, foi um deles. Morador da Vila Kennedy, na mesma região, ele saiu de casa às 2h e andou 40 minutos para chegar à agência de Bangu, na Zona Oeste da cidade. Depois de mais de 5 horas de espera, às 8h, ele deixou a agência sem conseguir uma solução.

“Bom dia e vai com Deus. Essas foram as palavras que falaram pra mim. Eles estão alegando que eu tô participando de outro Cadastro Único. E, mais uma vez, eu vou voltar pra casa sem nada. Eu vou ter que passar na casa da minha irmã pra ver se ela me ajuda nesse fim de semana. Eu me sinto como mais um no meio da multidão. É o Brasil que nós vivemos, é o Brasil que nós estamos”, relata.

O florista conta que não recebe nenhum auxílio do governo e, sem emprego durante a quarentena, precisa pedir ajuda de amigos, parentes e até de vizinhos.

“Eu preciso porque eu sou um cidadão brasileiro, eu gosto das coisas certas. Eu não vou ali no sinal roubar. Eu só quero que o governo me dê o que é meu, porque ele não tá dando o que é dele, é meu. De preferência, que desse para todos aqui. São trabalhadores como eu, que querem uma vida digna. Não é porque eu moro dentro da favela, que eu não tenho direito. Eu tenho direito sim”, desabafa.

Além dos riscos de contaminação pelo coronavíru, no calçadão de Bangu, na Zona Oeste, pessoas dormiam nas calçadas molhadas pela chuva que começou no fim da noite de quarta (6), quando muitos já chegavam para ocupar os primeiros lugares nas fila.

Por volta das 7h14, antes do horário previsto, a agência foi aberta para atender aos contribuintes que estavam na fila preferencial.

Justiça cobra solução

Na terça-feira (5), a Justiça Federal no Rio de Janeiro determinou que a União solucione e informe, em 5 dias, quais medidas foram tomadas para resolver problemas na concessão do auxílio emergencial.

A decisão é do juiz federal Fabio Tenenblat, da 3ª Vara Federal do Rio de Janeiro. O magistrado também determinou que o governo federal esclareça, em detalhes, por que pessoas numa lista apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) não receberam o auxílio.

Filas se repetem há semanas

Percebida em outros estados além do Rio de Janeiro, as extensas filas nas agências da Caixa e da Receita Federal são registradas há semanas.

RJ, 29/04/2020 Fila vira aglomeração perto de agência da Caixa Econômica Federal, em Bonsucesso, Zona Norte do Rio  — Foto: Marcos Serra Lima/G1RJ, 29/04/2020 Fila vira aglomeração perto de agência da Caixa Econômica Federal, em Bonsucesso, Zona Norte do Rio — Foto: Marcos Serra Lima/G1
Desde o dia 13 de abril, no RJ, pessoas tiveram que se submeter a passar madrugadas nas ruas para garantir atendimento na Receita Federal e regularizar os CPFs para terem acesso aos R$ 600, dado pelo governo federal durante a pandemia.

O mesmo acontecia nas agências da Caixa que, desde o dia 27 de abril, tinha filas quilométricas em diferentes agências para os saques do benefício.

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