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Surpresa na Copa do Brasil, Azuriz espalha atletas na base de grandes clubes

A Copa do Brasil deste ano já proporcionou algumas surpresas. Uma delas é o pequeno Azuriz, clube paranaense que superou as duas primeiras fases e arrancou empate com o Bahia fora de casa no jogo de ida da terceira fase. Fundado em 2018 já como empresa, três anos antes do surgimento da lei da Sociedade Anônima do Futebol (SAF), o clube tem como meta a formação de jogadores para venda.

O sucesso na Copa do Brasil é considerado uma surpresa bem-vinda, que facilitará a disputa da onerosa Série D do Brasileiro. Mas os resultados esportivos, apesar de ajudarem a mostrar a um público maior os talentos à disposição na equipe paranaense, estão em segundo plano.

Entre os sócios-fundadores está o lateral Marcelo, do Real Madrid. Com folha salarial de R$ 140 mil no time profissional, o clube possui centro de treinamento próprio. Segundo o CEO e fundador Pedro Weber, há cerca de 40 jogadores do Azuriz espalhados pela base dos principais clubes do país – entre eles quase todos os que disputam a Série A do Brasileiro.

– O Azuriz é formação e venda. A gente é uma academia de excelência para formar atletas. No Paranaense, meta é Primeira Divisão sempre. Quando a gente se classificar para Copa do Brasil e Série D, performa e usa o calendário, vamos dizer assim. Esse é o objetivo do Azuriz. Chegando numa Série C, Série B, sem uma torcida, uma cidade por trás, você não consegue competir. A Série D estamos usando como continuidade de formação. Se for um projeto para subir da Série D, é outra história completamente diferente – diz Weber.

CT do Azuriz — Foto: Divulgação

CT do Azuriz — Foto: Divulgação

O plano não se limita ao território brasileiro. Pelo contrário. O Azuriz é a pedra fundamental de um conglomerado em formação, que já tem uma holding criada em Delaware, nos Estados Unidos, a Azure Jay Llc.

Essa holding adquiriu, em meados de 2021, 80% do Mafra, um clube da Segunda Divisão de Portugal. O objetivo? Evitar que clubes europeus busquem os principais talentos no Brasil com uma imensa vantagem de câmbio e valor muito abaixo do que poderia ser obtido se já estivessem no mercado europeu.

Outros territórios, e clubes, estão na mira, principalmente em mercados próximos com grande potencial de formação de atletas, como a Argentina. E também há a possibilidade de investimento em alguma recém-criada SAF no Brasil. Tudo com foco em formar jogadores que possam gerar lucro para o grupo.

– O deles é um pouco mais complexo porque o clube continua como associação, seriam sócios minoritários de uma holding parecida. No caso o Flamengo seria um sócio minoritário e cederia a marca, seria algo mais independente. O nosso é mais parecido com o grupo Pachuca, o grupo City que é o maior do mundo. Uma coisa mais integrada, com um diretor de futebol que faz toda a integração.

Bahia e Azuriz ficaram no 0 a 0 na Fonte Nova — Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia

Bahia e Azuriz ficaram no 0 a 0 na Fonte Nova — Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia

Sobre o modelo de parceria e transferência de jogadores com o Mafra, Weber explicou que cada caso precisa ser analisado individualmente. Em última análise, o princípio é que fazem parte do mesmo grupo. Portanto, se o Azuriz, por exemplo, investiu um valor num atleta que o Mafra deseja, terá de ser remunerado na transferência. Mas nada impede que o clube português receba jogadores sem custo.

Weber explica que até agora houve duas rodadas de investimento no Azuriz, a primeira captando cerca de R$ 7 milhões e outra, mais recente, atingindo R$ 13.5 milhões. Além de Marcelo, há fundos familiares que alocaram verbas no projeto. Para auxiliar na gestão e na estruturação da holding, além da avaliação de possíveis novos ativos como o Mafra, o Azuriz fez uma parceria com uma consultoria especializada, Alvarez & Marsal, que também ficou com uma participação do clube em troca dos serviços prestados.

Robson Ramos, presidente do Azuriz, à esquerda, e o CEO do clube, Pedro Weber — Foto: Reprodução

Robson Ramos, presidente do Azuriz, à esquerda, e o CEO do clube, Pedro Weber — Foto: Reprodução

– A gente entrou no projeto há cerca de dois anos, quando o Azuriz começou a estudar essa plataforma multiclubes. Fazemos a parte de gestão do grupo, estruturação dessa holding, toda a parte não jurídica, e junto com isso montamos um trabalho para buscar o clube em Portugal. Os acionistas do Azuriz já tinham o foco em Portugal estrategicamente, fizemos uma seleção e esse processo acabou culminando com compra do Mafra – explica Patrick Lopes, diretor-sênior da Alvarez & Marsal.

Hoje, além de Marcelo, Weber, e da empresa de consultoria, fazem parte do quadro de acionistas Robson Ramos, um dos fundadores e atual presidente do Azuriz, e os fundos da família Gouvêa (ex-proprietários da Leader Magazine) e da família Colombo (que controlava o grupo Piraquê, vendido em 2018 por R$ 1,5 bilhão).

– A gente vai precisar, sim, de mais dinheiro para a estratégia, como um todo. Isso gera necessidade de captação. Os acionistas atuais têm capacidade de aportar mais dinheiro, não é uma hipótese excluída. A gente segue conversando com fundos, estamos sempre próximos do mercado, para quando precisarmos de recursos já estarmos com o projeto bem exposto – diz Lopes.

CT do Azuriz — Foto: Divulgação

CT do Azuriz — Foto: Divulgação

Enquanto busca expansão nos bastidores, o Azuriz tem no gramado uma grande oportunidade de se valorizar como vitrine. Na terceira fase da Copa do Brasil pela primeira vez em sua história, o clube tem reais chances de avançar diante do tradicional Bahia, que não conseguiu sair do 0 a 0 na partida de ida, na Fonte Nova. O jogo de volta, que decide a vaga nas oitavas de final, está marcado para 10 de maio.

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